Tensões na Coreia do Norte

História da Coreia do Norte

A Península da Coreia apresenta-se dividida em dois países. Submetida ao longo de sua história milenar a diversas ocupações estrangeiras, a região já foi dominada por russos, japoneses, chineses e mongóis.

No final do século XIX, os coreanos se rebelaram contra a dominação da China. Os japoneses aproveitaram-se dessas revoltas, entraram no país, derrotaram e expulsaram a China, anexando a península, em 1910.

Coreia do Norte século XX

A dominação japonesa foi marcada pela imposição de seus padrões culturais e produtivos. Nas escolas, a língua coreana foi substituída pela japonesa, e a indústria e a economia do país foram reorganizadas. Os coreanos rebelaram-se em 1919, mas foram duramente reprimidos: mais de 50 mil pessoas foram presas.

Durante a Segunda Guerra Mundial os coreanos lutaram ao lado das tropas chinesas contra o Japão e isso resultou no apoio dos aliados à independência da Coreia.

Ao final da Guerra (1945), as duas conferências ocorridas em Yalta e Potsdam decidiram a divisão da Coreia pelo paralelo 38, em duas áreas de influência. A porção norte ficou sob a influência da URSS, e a sul, sob influência dos EUA.

 Foram criadas, então, duas zonas de influência político ideológica, seguindo-se, em 1948, a criação de dois países.

A Coreia do Norte, comunista, atualmente tem um programa nuclear que preocupa o mundo, particularmente a vizinha do sul e o Japão.

A porção sul da península, capitalista, conseguiu, em poucas décadas, grande desenvolvimento econômico, transformando-se em um dos Tigres Asiáticos.

Dados econômicos sobre a Coreia do Norte

  • Principais produtos exportados: 
  • minerais, equipamentos militares, gêneros agrícolas e peixes.
  • Principais produtos importados: máquinas, tecidos, cereais, bem como petróleo.
  • Principais parceiros econômicos (exportação): China, Coreia do Sul e Índia.

A Guerra das Coreias

Após a divisão, os governos sul e norte-coreanos não reconheciam um ao outro e cada um reivindicava a reunificação do país sob seu domínio. Dessa forma, eclodiu a Guerra da Coreia, em 1950. A Coreia do Norte, com apoio soviético indireto, bem como o apoio da China, mais explícito, invadiu a Coreia do Sul (aliada dos EUA) para tentar reunificar a região. Os EUA e a ONU, por sua vez, reagiram e intervieram no conflito. Soldados estadunidenses invadiram a Coreia do Norte, mas a China entrou na guerra e impediu que os estadunidenses a tomassem.

Em 1953, um armistício foi assinado e é válido até hoje, sem que um acordo de paz formal tenha sido assinado. Além disso, criou-se uma zona desmilitarizada entre as duas Coreias, 257km é barrado com cercas e minas terrestres e está praticamente vazio de atividade humana.As duas nações permanecem tecnicamente em guerra, e sua fronteira, além de ser uma das mais fortes do mundo, é considerada a última da Guerra Fria.

A força militar

Atualmente, a Coreia do Sul mantém seu Exército com cerca de 650 mil soldados e 30 mil soldados estadunidenses. Já a Coreia do Norte possui um Exército de cerca de 1 milhão de soldados, recrutados de uma população de mais de 24 milhões de habitantes. A presença militar estadunidense no lado sul-coreano é causa de constantes controvérsias em ambos os lados da fronteira, ou seja, a Coreia do Norte não percebe positivamente a militarização da Coreia do Sul e sente-se ameaçada.

A filosofia JUCHE

Kim II-sung, então líder político da Coreia do Norte, era chamado de Grande Líder pelos órgãos oficiais. Ele morreu em 1994, ou seja, depois de 46 anos de governo.

Após a guerra 1950, ele introduziu no país a sua filosofia JUCHE, que funciona como uma verdadeira religião oficial do país. Essa filosofia, que significa autossuficiência ou “ter controle sobre seu próprio destino”, tornou-se a linha dominante no desenvolvimento da Coreia do Norte. Isso significa, na prática, que o país mantém-se fechado a estrangeiros, bem como para a imprensa internacional. Por isso as dificuldades em saber ao certo o que ocorre em seu interior.

O rígido controle estatal sobre praticamente todos os aspectos da vida do país, bem como a estagnação econômica sem precedentes após o fim da Guerra Fria, fez com que o governo dependesse da ajuda econômica soviética, bem como o culto à personalidade. Durante esse período estima-se que até 2 milhões de pessoas morreram durante a década de 1990, devido à falta de alimentos, causada por desastres naturais (inundações e secas) e descontrole da economia.

Coreia do Norte após 1990

Após a dissolução da União Soviética, a economia do país estagnou, ou seja, isso significou o fim dos subsídios oferecidos ao país. No ano seguinte, a China fez o mesmo. Apesar das enormes dificuldades econômicas, em 1993, o país torna-se foco de atenção da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), por suspeita da Coreia do Norte ter desenvolvido um programa militar nuclear.

A presença de soldados e de armamento nuclear estadunidense na Coreia do Sul, desde o final da década de 1950, foi utilizada como pretexto para a iniciativa norte-coreana de desenvolvimento de tecnologia nuclear.

Tentativa de reaproximação frustrada

Após um acordo em 1994, os EUA se comprometeram a retirar seus mísseis. Os estadunidenses exigem, porém, que Kim Jong-il abrisse mão do desenvolvimento da tecnologia atômica bélica, bem como de duas centrais energéticas nucleares, em troca de receber 500 mil toneladas de petróleo por ano.

Em 2000 – Kim Dae-jung, presidente sul-coreano, foi recebido por Kim Jong-il em Pyongyang, e os dois líderes iniciaram uma reunião de cúpula com negociações para uma reaproximação diplomática. Desde então, a Coreia do Sul passou a enviar ajuda para combater a fome no norte, e isso ficou conhecido como Política da Luz do Sol. Nos Jogos de Sydney, na Austrália, no mesmo ano, as delegações das duas Coreias desfilaram juntas na cerimônia de abertura.

Coreia do Norte no Eixo do Mal na Guerra contra o terror

Em 2002, o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, declarou que Coreia do Norte, Irã, bem como o Iraque formavam o chamado “Eixo do Mal”, acusando esses países de apoiar o terrorismo ou desenvolver armas de destruição em massa. Em resposta, o regime comunista da Coreia do Norte, um dos mais isolados do mundo, afirmou sentir-se ameaçado e intensificou suas pesquisas para a produção de armamento nuclear.

Nos últimos anos, a Coreia do Norte realizou diversos testes nucleares que intensificaram as tensões globais. O teste mais recente ocorreu em setembro de 2017, quando o regime norte-coreano declarou ter testado uma bomba de hidrogênio, o que resultou em um tremor de magnitude 6,3 detectado na região. Esse teste foi o mais potente de uma série de seis realizados desde 2006. Desde então, a Coreia do Norte tem evitado novos testes nucleares, mas continua com o desenvolvimento de mísseis balísticos, violando resoluções da ONU, o que mantém as preocupações internacionais sobre sua capacidade nuclear.

Testes nucleares no mar do Japão

Em 2006, o governo da Coreia do Norte anunciou a realização do primeiro teste nuclear de sua história. Naquele contexto, garantiram que a experiência fora bem-sucedida, ou seja, sem nenhum tipo de vazamento radioativo.

Uma semana após o teste, o Conselho de Segurança (CS) da ONU aprovou, por unanimidade, uma resolução que impôs sanções à Coreia do Norte.

De acordo com o CS, a ação do país representava “uma ameaça clara à paz e à segurança internacionais” e exigia que a Coreia do Norte suspendesse o programa nuclear, bem como eliminasse todas as armas atômicas.

Mas, apesar de toda pressão internacional, o país alega que vai continuar suas pesquisas e que já realizou um total de cinco testes nucleares de sucesso desde 2006.

Só em 2016, realizou dois, sendo um em janeiro e o outro em setembro, aumentando a tensão no Extremo Oriente e gerando medo de que o país esteja criando um arsenal nuclear visando a possíveis conflitos militares.

Esses testes são confirmados pelos crescentes abalos sísmicos que geram na região das explosões, conforme demostrado no mapa anterior, indicando que os artefatos estão se tornando cada vez mais poderosos.

Morte de Kim Jong-il

Em 19 de dezembro de 2011, o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-il, morreu aos 69 anos. No dia em que a morte de Kim foi anunciada. Neste dia, a Coreia do Norte realizou diversos testes com mísseis, segundo autoridades da Coreia do Sul, mantendo em alerta a nação vizinha.

Após a morte de Kim Jong-il, seu filho Kim Jong-un foi apresentado como o “grande sucessor”. Do pouco que se sabe, afirma-se que Kim Jong-un nasceu entre 1983 e 1984, estudou na Suíça, bem como ser o filho daquela que seria a esposa favorita de Kim Jong-il, Ko Yong-hui, que também já morreu.

O país encontra-se cada vez mais isolado, bem como punitivo com aqueles que tentam ultrapassar suas fronteiras. Tem chamado atenção da mídia internacional com o rápido progresso de seu programa nuclear.

Os três líderes norte-coreanos: Kim Il-sung, Kim Jong-il e Kim Jong-un

Visita de D. Trump a Coreia do Norte em 2019

Donald Trump visitou a Coreia do Norte em 30 de junho de 2019, tornando-se o primeiro presidente dos EUA em exercício a entrar no país. A visita foi simbólica e fez parte de um esforço diplomático mais amplo para tentar avançar as negociações sobre a desnuclearização da Península Coreana e aliviar as tensões entre a Coreia do Norte e os EUA.

O principal objetivo da visita de Trump era promover o diálogo com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, após várias cúpulas e encontros anteriores, em 2018 e 2019. Trump queria retomar as negociações sobre o programa nuclear da Coreia do Norte, que haviam sido interrompidas após a cúpula de Hanói em fevereiro de 2019, onde as conversas fracassaram devido a desacordos sobre o levantamento de sanções e a escala da desnuclearização.

Embora a visita tenha sido um gesto diplomático significativo e um esforço para manter o canal de comunicação aberto, as negociações subsequentes não resultaram em um avanço concreto na desnuclearização.

Visita de Putin à Coreia - 2023

O encontro entre Vladimir Putin e Kim Jong-un, realizado em setembro de 2023, focou em temas estratégicos, bem como os temas sobre cooperação mútua. Entre os principais tópicos discutidos, destacaram-se a possibilidade de apoio militar russo à Coreia do Norte, com especulações sobre o fornecimento de armas, bem como tecnologia em troca de assistência militar norte-coreana à Rússia no contexto da guerra na Ucrânia. Além disso, conversaram sobre parcerias econômicas e científicas, com ênfase em tecnologia espacial e alimentos. O encontro também simbolizou o fortalecimento das relações entre os dois países, em meio ao isolamento internacional de ambos devido a sanções impostas pela ONU, bem como pelos demais países ocidentais.

Curiosidades sobre a Coreia do Norte

A Coreia do Norte é um dos países mais isolados do mundo, governado por Kim Jong-un ou seja, terceira geração da dinastia Kim. Educado na Suíça, pouco se sabe sobre sua juventude, mas ele é conhecido por gostar de tecnologia e ser fã da NBA. O regime norte-coreano promove um forte culto à personalidade dos líderes, tais como estátuas e retratos por todo o país. O calendário local é baseado no nascimento de Kim Il-sung, fundador da nação, bem como começou em 1912. Além disso, os cidadãos têm acesso limitado à internet, utilizando uma rede interna controlada pelo governo chamada “Kwangmyong”.

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