Para compreender a história econômica moderna da China podemos dividi-la em três períodos significativos:

1º: A Era Mao-Tsé-tung (1949-1976);

2º: o governo do Deng Xiaoping (1976-1997) e

3º: O governo Ji Xiping (2013-).

Para cada período é importante entender as principais políticas socioeconômicas, bem como os desafios enfrentados em suas épocas.

Economia e industrialização chinesa

A era Mao-Tsé-tung

Era Mao Tsé-tung (1949-1976)

No primeiro período, a China adotou um modelo de socialismo semelhante ao da Rússia, sob a liderança de Mao Tsé-Tung. Esse período começou com a influência da Revolução Russa e a subsequente criação do Partido Comunista Chinês (PCC) em 1921. Entre 1927 e 1949, o país passou por uma guerra civil entre o PCC e o Partido Nacionalista, culminando na Proclamação da República Popular da China, em 1949. Com a vitória do PCC (Partido Comunista Chinês) Mao Tsé-Tung assumindo o poder.

Durante esse tempo, a China adotou um modelo de socialismo inspirado na União Soviética, ou seja, planificado.  Um marco desse período foi o plano econômico Grande Salto para Frente (1957-1961), que visava criar um parque industrial, bem como uma infraestrutura para o país. No entanto, o plano foi marcado por má gestão, ou seja, baixa produção, má qualidade e concentração de recursos no setor armamentista, resultando em uma crise que levou a um número significativo de mortes por fome, estimado em cerca de 55 milhões de pessoas.

Deng Xiaoping (1976-1997) – Um país, dois sistemas.

A China passou por uma profunda transformação econômica. Essas reformas ficaram conhecidas como a “2ª Revolução Chinesa” e foram baseadas na adoção de elementos de uma economia de mercado, ou seja, semelhante aos moldes capitalistas. Essa mudança envolveu a aceitação da propriedade privada, do trabalho assalariado e o incentivo ao capital estrangeiro. Do mesmo modo manteve, no plano político, a ditadura do partido único (PCC) e um controle rigoroso sobre a comunicação no país. Até hoje, não há eleições diretas na China.

O aumento significativo do PIB Chinês teve nas décadas de 1978 e 1980, foi impulsionado pela introdução de reformas na economia socialista de mercado. O governo Chinês etabeceu o projeto “Quatro modernizações” e realizou uma série de reformas que tiveram impactos internos, bem como externos. Essas reformas incluíram:

Zonas Econômicas Especiais

A reforma econômica no setor industrial teve início em 1982, com o governo melhorando a qualidade dos produtos, bem como, reduzindo os preços para se adequar à demanda externa. Diversas modalidades de espaços abertos ao capital estrangeiro foram criadas, incluindo Zonas Econômicas Especiais (ZEE), ou seja  áreas com autonomia comercial favorável ao investimento estrangeiro.

Como resultado dessas políticas, desde 1990 a China tem consistentemente sido o segundo maior receptor de investimentos produtivos do mundo. Atrás apenas dos EUA,  suas exportações cresceram exponencialmente nas últimas décadas. Quase todas as empresas transnacionais com atuação global possuem filiais na China. Vale ressaltar que a maioria delas estabelecendo parcerias em forma de joint venture com empresas locais, o que geralmente implica no compartilhamento de tecnologias.,

Joint Ventures

As Joint Ventures referem-se a um tipo de associação em que duas entidades se unem para tirar proveito de alguma atividade. Essa parceria ocorre por um tempo limitado e sem que cada uma delas perca a sua própria identidade. No caso chinês, o país obteve diversas tecnologias, ou seja, melhorou a qualidade da produção em vários setores econômicos através desta cooperação técnica científica. Para as empresas estrangeiras, na maioria das vezes, o benefício  é de ganhos através da exploração do mercado consumidor chinês.  De acordo com a revista Forbes de 2023, dentre as 500 maiores corporações industriais do mundo, havia 142 empresas chinesas.

Diversos fatores locacionais contribuem para o sucesso do ambiente de negócios na China, os principais são eles:

  • Baixos salários, ou seja, 4 dólares a hora trabalhada (mão de obra industrial),
  • Mão de obra razoavelmente capacitada,
  • População numerosa e com boa escolaridade,
  •  Proibição de sindicatos,
  •  Infraestrutura moderna nas ZEEs e territórios abertos,
  •  Isenção ou redução de impostos sobre a produção de bens industrializados (incentivos fiscais)
  •  Elevado mercado consumidor

Esses fatores ajudaram a atrair empresas estrangeiras para o país, bem como, impulsionar o crescimento econômico, saindo de um PIB de 202 bilhões em 1980, quando ocupava o 25º lugar na lista dos maiores exportadores, para impressionantes 11,4 trilhões em 2014, tornando-a, hoje, o maior exportador do mundo.

A produção industrial chinesa se destaca em diversos setores:

Durante o período de 2000 a 2016, a China experimentou um crescimento econômico médio de aproximadamente 10% ao ano, marcando uma ascensão notável. Suas exportações, em sua maioria, consistem em produtos industrializados.

Em 2013, 97% de todas as exportações chinesas, eram compostas por bens industrializados, destacando-se que 58% desses produtos eram de média e alta tecnologia. Esse desempenho robusto reflete a posição de destaque da China no cenário econômico global, bem como na sua capacidade de produzir e exportar produtos de valor agregado.

Vale ressaltar que as indústrias modernas são dominadas pela inciativa privada, enquanto a indústria pesada está sob o controle estatal, sobretudo, nas províncias da Manchúria, no nordeste do País, onde se encontram grandes reservas de carvão mineral, principal fonte energética utilizada no país.

O governo Ji Xiping (2013-hoje)

Os principais desafios econômicos e geopolíticos enfrentados pelo governo chinês incluem:

  1. Desaceleração do Crescimento Econômico: A China enfrenta o desafio de manter um crescimento econômico robusto enquanto tenta fazer a transição de um modelo baseado em exportações e investimentos para um mais focado no consumo interno e na inovação.
  2. Dívida e Sistema Financeiro: O crescimento rápido do crédito, incluindo o aumento da dívida corporativa, tras riscos de crises financeiras.
  3. Reformas Estruturais: A necessidade de reformas estruturais  para enfrentar questões como a desigualdade de renda e a proteção ambiental, são desafios persistentes.
  4. Relações Comerciais Internacionais: A guerra comercial com os Estados Unidos e as tensões comerciais com outras nações são desafios contínuos para as relações internacionais da China.
  5. Geopolítica Regional: A expansão territorial da China no Mar da China Meridional e seu relacionamento tenso com países vizinhos, ou seja, Japão e Índia. Tudo isso gera preocupações geopolíticas e podem afetar as relações diplomáticas e econômicas regionais.
  6. Relações Internacionais e Diplomacia: O posicionamento global da China e sua influência em organizações internacionais são alvo de críticas e desafios, especialmente em relação a questões de direitos humanos e segurança global.
  7. Tecnologia e Inovação: A China busca se posicionar como líder global em tecnologias emergentes como inteligência artificial e 5G, enfrentando desafios relacionados à segurança cibernética, propriedade intelectual, bem como pela competição internacional.

Nova rota da seda

A nova rota da seda é um  megaprojeto lançado no ano de 2013 pela China. No entanto enfrenta a oposição dos Estados Unidos, temeroso da perda da hegemonia econômica para o gigante asiático. A China tem se tornado o epicentro dos principais fluxos econômicos regionais, liderando processos de integração, desenvolvimento e investimento e envolve regiões da Ásia, Europa, África e América Latina. Esta integração cumpre, a um só tempo, diversos objetivos nacionais e internacionais para a China:

  • Criar demanda para a supercapacidade de sua indústria nacional.
  • Garantir a sua segurança alimentar e energética, bem como de acesso aos recursos naturais necessários à manutenção do projeto de desenvolvimento.
  • Internacionalizar suas empresas e serviços nacionais, principalmente de engenharia, enquanto fortalece a presença do país nas redes comerciais regionais, ampliando o papel gravitacional da China.

Acesse também os exercícios sobre indústria:

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